Lado Negro do Mercado dos Animes no Brasil – parte 2: Os perseguidores da jóia das verdades Conscientização!
Olá a todos!
Complementando o Palavras 23, eis-me aqui para continuar a discussão e esclarecimentos do Lado Negro do Mercado dos Animes no Brasil – parte 2: Os perseguidores da jóia das verdades. Como eu disse anteriormente, esta é uma boa época para reflexão, pois é o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.
Houve uma discussão razoável sobre o assunto, mas há muito mais dados a serem mencionados, para que os fãs possam pensar em várias coisas que acontecem neste meio.
Muito se discutiu sobre o direito autoral. Acho que os sites podem e devem sim ter referências. Mas, não custa citar a fonte. E é isso que não entendo: dizem que é proibido copiar o deles, mas fazem isso com o dos outros. É algo como: “faça o que digo, mas não faça o que eu faço”. Meu, para que colocar “é proibido copiar de nosso site”? As pessoas têm que parar de achar que isso é normal. Isso não é normal. Existe uma coisa chamada Lei de Direito Autoral.
Eu pergunto: os sites americanos divulgam as fontes, mesmo entre sites concorrentes. Por que não se faz isso aqui? Em relação ao Papo de Budega, sei que disseram que não dão créditos para sitezinhos ou blogs como o meu. Agora, por que esta raiva de mim? Eu não entendo porque algumas pessoas têm raiva do meu trabalho. No que eu incomodo tanto? Digam-me? Não estou pedindo muito. Ou será que estou?
As pessoas têm que parar de pegar como referência os erros, as bobagens. No Brasil pensa-se e age-se da seguinte forma: se fulano pode jogar lixo na rua, eu também posso. Não é para ser assim. Não é.
Nada do que eu disse até o momento é pedir muito. Sou uma das pessoas mais “antigas” neste meio. Eu fui ao primeiro evento de anime no Brasil. Comprei as primeiras revistas, vi os primeiros animes da geração CDZ e alguns mais antigos… Já vi muitos problemas. Mas, eu quero que haja mais animes no Brasil.
Durante muito tempo eu critiquei os fansubers. Hoje, vejo que muitos são sérios. Traduzem e colocam a disposição na net. Alguns distribuidores não vêem mal nisso, porque ajuda na divulgação. Só que muitos fansubers – que não têm a quem reclamar – tem seus trabalhos devidamente “roubados” por lojinhas. Estas lojinhas não se dão nem o trabalho de fazer a tradução. É uma mamata mostruosa.
Aguns pessoas e organizações poderiam ajudar para uma “moralizar” um pouco as coisas. Daí vem os problemas nos eventos, alguns… nem todos são picaretas! Algumas organizações poderiam colocar a seguinte imposição: a lojinha só venderá aquilo que ela própria traduziu e adaptou. Se uma lojinha não o fizer isso, não venderá em nosso evento. Puxa meu, já seria o início… Haveria respeito, pelo menos, com os fansubers sérios.
Os fãs não têm idéia de como atrapalha ter tanto DVD pirata os eventos. Já conversei com muitos licenciadores e empresas e todas são unânimes: o mercado brasileiro pode ser bom, mas é difícil vender alguma coisa aqui por causa da pirataria.
Daí sempre vem alguém e diz: mas é o governo que tem que fazer as coisas, reduzir impostos, atuar contra a pirataria. Verdade. Concordo com isso. As distribuidores têm que reduzir os preços. Também concordo, em alguns casos há preços altos. Mas, a população tem sim que fazer sua parte. Para tudo em nosso país, joga-se a culpa nos governos. Não importa o partido. As pessoas sempre falam de seus direitos. E os deveres? Ninguém lembra? Não é possível dar um jeito no problema dos DVDs de forma geral. Mas, nós fãs de animes, podemos contribuir para que pelo menos em nosso universo, a coisa não seja tão ruim assim…
Há mais problemas, Sandra? Sim… oh!
Muitos jovens são recrutados para serem “staffs ou colaboradores”. Só que ganham como “pagamento” a entrada e um lance. Leitores: se isso acontece, não é pagamento. Isso é exploração de trabalho.
Entendam: se você trabalhar em um evento, é um trabalho temporário e como tal deve ser remunerado de forma justa. Meu… é para isso que existe o salário mínimo, para ser a referência para todo tipo de pagamento. Querem um exemplo: aqui em São Paulo, nos finais de semanas, há pessoas que distribuem panfletos em faróis (normalmente propagandas de carros e imóveis). Dependendo da empresa, estas pessoas recebem por volta de 30 a 40 reais o dia, mais um lance. Se não em engano… acho que é por aí…
Se você vai trabalhar no lugar, você tem que entrar para trabalhar e receber um crachá. Daí você vai, trabalha e depois é remunerado. Não fique feliz por “fazer parte da turma”. Definitivamente, você não está ganhando nada com isso. Não caia nessa, por favor. As pessoas que trabalham em eventos devem ser dignamente remuneradas. Afinal, cobram ingresso para entrar, têm que pagar dignamente que trabalhar, certo?
E um ponto que deve ser levado em consideração, e que talvez ninguém tenha parado para refletir abertamente… Um evento – vamos chamá-lo de “Cumpades” do Anime – tem entrada de 10 reais. Supondo que tenha sido divulgado que o evento teve – sei lá – 70 mil pagantes, quanto que dá o montante? Acho que 700 mil reais.
Meu… o que fazem com isso? Das duas uma: ou mentem no número de visitantes – o que é altamente provável, já que um evento no Brasil não teria como ter quase o mesmo número de visitantes do San Diego Comicon ou Salón de Manga de Barcelona; ou realmente ganham rios de dinheiro e não fazem nada em prol dos fãs.
Com este recurso, muitas empresas legalmente licenciadas de animes poderiam ter sido criadas. Meu, poderiam trazer tantos animes com boa qualidade, dublagem… mas o que alguns eventos fazem? Nada. Ganham $$, mas não fazem nada para melhorar a vida dos fãs. Antes que alguém venha e fale: mas tem aluguel do espaço, tem isso e aquilo de custos. Sinto muito. Só o que se cobra de estandes, possivelmente, daria para pagar estes itens.
Ah, não podemos esquecer de outra coisa: por que o ingresso tem um preço tão alto? Vejam, supondo que um certo evento diz que a entrada de um dia custa – por exemplo – 19 reais e que este preço seria equivalente a meia-entrada. Cara do céu… se 19 reais é a meia-entrada, então quer dizer que a entrada base é de 38 reais? Sim, porque a meia-entrada é medida pelo preço base do ingresso!!!
Agora, por que há uma discrepância tão grande de preços de eventos? A entrada da 13ª edição do Fest Comix, por exemplo, custou 10 reais a inteira e 5 reais meia-entrada! O Expo Colecionador tem entrada gratuita! E são todos eventos correlacionados! Se você se sentir lesado, procure o
Procon e o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) de sua cidade.
Tem coisa neste meio que não adianta mentir, inverter ou dar aquela contornada… Mais um exemplo? Sim. O evento de cosplay mais importante do país é o World Cosplay Summit. É o WCS que leva para o Japão. É com o WCS que você aparece na TV japonesa. É pelo WCS que o cosplayer pode homenagear a cultura que ele custa. Mas, ter o reconhecimento do governo japonês!
Puxa, gente… Eu quero que o mercado brasileiro cresça. Eu quero ver mais e mais animes nas prateleiras em lojas legais de DVDs!!! Eu quero sim que haja muitos eventos, que venham muitos artistas. Mas eu quero e muitos de vocês – tenho certeza -, queremos produtos legais dublados, com boa imagem e áudio! Queremos muitos eventos, mas com entradas a preços justos, com atrações que compensem o valor do ingresso! Que ganhem dinheiro, afinal, estamos em um mundo capitalista! Mas, façam alguma coisa de útil!
Não vou proibir ninguém de copiar este post em fóruns, grupos e afins. Pode pegar este texto! Pode colocar o link e levantar discussões. Se não quiser, tudo bem. Mas reflita. Se você continuar a viver neste meio, se quiser ser verdadeiramente respeitado como fã, quer mesmo passar a vida inteira pagando por DVD não oficiais? Pagando fortunas para entrar em eventos? Quer mesmo continuar a ler informações incorretas, roubadas e sem credibilidade?
Complementos ao texto: leia a Lei da meia-entrada no seu Estado. Leia o que diz a CLT – CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. Procure o Procon de sua cidade caso detecte problemas. Os japoneses vieram e trouxeram muita coisa legal da cultura deles. Temos o dever de respeitar tudo isso, e claro, sermos respeitados.