Talvez conscientização não seja exatamente o termo certo. Talvez um “esclarecimento” seja melhor… Enfim…
Na nota abaixo, há a informação sobre o concurso que a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo está promovendo. Coloquei um post no grupo Clube dos Desenhistas de Mangá. Há alguns pontos interesses e também uma certa “recusa”, por ser um incentivo governamental.
Desde já, aviso que minha opinião sobre o assunto nada tem a ver com o atual governo e nem é partidária. Se São Paulo fosse governado por outro partido, também daria meu apoio ao incentivo.
Um dos grandes pontos levantados é o “assistencialismo” do Estado para esta manifestação cultural. Quem entrar no site da Cultura SP, verá que há vários projetos que receberão apoio. No caso, nenhuma manifestação cultural deveria receber incentivo.
Esta grana é dos nossos impostos. Parte do orçamento de qualquer governo é para a Cultura. De alguma forma o governo tem que aplicar os recursos. Caso alguém tenha outras alternativas para aplicação dos recursos, envie e-mails para a Ouvidoria da Cultura e reclame. O telefone e email estão no site deles. Se é para reclamar, faça em fóruns, grupos e no Orkut, mas faça também no lugar certo.
Ah: 75% o mercado editorial tem o apoio dos governos federais e estaduais. Caso os leitores não saibam, o grosso do nosso mercado está nos didáticos. Se nosso governo – de forma doente talvez – dá recursos as editoras que fazem didáticos, pq não apoiar diretamente o autor?
Esta é uma questão muito complicada. Que existem problemas no mercado editorial brasileiro, todo mundo está mais do que careta de saber. Muitos dizem: “as editoras não valem nada pq não investem, os autores não valem nada pq são péssimos, os leitores não valem nada pq não lêem”…
E aí? O que fazer? Se pensarmos tão negativamente, é melhor pegar todos os quadrinhos e queimá-los. Não comprar nada e ainda entrar para o rol dos que criticam mortalmente as HQs. Seria mais prático e sincero.
Muitos autores novos só têm oportunidade de mostrar seus trabalhos por meio de fanzines. Conheço pouco material neste sentido, mas é possível que hajam bons trabalhos São Paulo afora…
O que imagino ser necessário, para muitos desenhistas e roteiristas é: saber o que a pessoa quer realmente fazer. Muitos autores – sejam desenhistas e/ ou roteiristas – não sabem exatamente o que querem. Querem ganhar a vida com HQ, ou querem pura e simplesmente ver seu trabalho pulicado e só? Se for a segunda opção, a pessoa não está errada, ao contrário do que uns e outros acham. É uma vontade da própria pessoa. O que muitas vezes, não fica claro aos outros.
Continuo acreditando que está pode ser a oportunidade para alguém… Existe sim, a possibilidade de haver uma tendência a títulos “bonitinhos e bonzinhos”, que tenham um caráter educativo. Ou… não. Como é a primeira vez que é feito um concurso deste tipo em SP, não sabemos o que se passará na cabeça dos jurados. Para saber, só haverá uma alternativa: tentar.
Da discussão do assunto, surgiu outro ponto: Vale a pena arriscar uma produção independente no Brasil?. A resposta é: depende o que realmente a pessoa quer da vida. Se quer viver de quadrinhos ou ver seu trabalho publicado e lido por alguém. Se você quer arriscar e eventualmente ganhar grana, um dos pontos que mais tenho escutado é: faça algo bom (o que muitas vezes, é subjetivo) e licencie. Sério. Crie um personagem ou história e licencie. Venda a imagem para cadernos, cartões, faça camisetas. Assim, vc se faz notar. Há uma feira, cujo nome esqueci, que acontece anualmente em SP e que os próprios artistas podem vender os direitos. Este é um caminho possível. Não é o único, mas é possível.
E outra coisa muito importante: vender os direitos patrimoniais é diferente de direito autorial. Que é intransferível. Porque conhecendo a lei realmente como ela é, a pessoa não corre o risco de se meter em “chimbas”. Se quiser se meter em uma roubada, fará tendo conhecimento da lei. E olha, infelizmente, muitas vezes, as pessoas se metem em enroscos por desconhecerem a lei. Se você ler um contrato e ele parecer absurdo demais, pode ter certeza não vale a pena. Por isso, conheça a Lei de Direitos Autorais.